quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Edição 319

ARTIGO ESPECIAL

CHUVA, MEIO AMBIENTE
E REFORMA URBANA

Luiz Claudio Romanelli - Estive na semana passada no norte pioneiro e minha agenda política acabou substituída de forma dramática pelas fortes chuvas que atingiram a região e pelos imensos danos e sofrimentos das populações atingidas. Acompanhei desde a última quinta-feira as conseqüências das enchentes e sou testemunha da rápida ação do governo do Estado para reparar as estradas e atender as famílias desabrigadas.

As cidades mais atingidas, como Sengés, Tomazina e Pinhalão, tiveram grandes áreas isoladas devido à queda de pontes e barreiras. Houve cinco mortes registradas até agora (em Sengés), além de desaparecidos e mais de quatro mil pessoas atingidas nos municípios da região.
Na grande Curitiba, as chuvas também provocaram graves problemas, particularmente em Campo Magro, onde há 80 famílias desalojadas e que perderam praticamente todos os seus bens.
A previsão é de muita chuva até abril, o que nos faz temer a repetição desse drama. As catástrofes climáticas estão se tornando cada vez mais comuns e mais sérias e não dá para ignorar que é a ação do homem, sua agressão irresponsável ao meio ambiente, a responsável por esses desastres.
As chuvas, furacões e outros fenômenos, por piores que sejam, não provocariam tantos danos se o meio ambiente não estivesse tão degradado. A destruição das matas ciliares, o desmatamento e outros crimes ambientais, cometidos quase sempre sob os auspícios de grandes interesses econômicos, estão rapidamente condenando o mundo em que vivemos.
O problema é ainda mais sério nas cidades, onde a especulação imobiliária leva milhares e milhares de pessoas a terem, como única alternativa de moradia, áreas de risco, encostas de morros e beira de rios. Os alagamentos e desabamentos se sucedem. As pessoas perdem suas casas, todos os seus bens e, não tão raramente como se supõe, suas próprias vidas.
O governo do Paraná agiu rapidamente no enfrentamento das conseqüências das enchentes. Todas as medidas emergenciais estão sendo tomadas. O governo federal, por sua vez, deve decidir esta semana a destinação de R$ 394 milhões para socorrer as cidades atingidas pelas enchentes no Paraná, de acordo com informação da secretária nacional de Defesa Civil, Ivone Maria Valente. É o PAC das Enchentes, cujos recursos estão sujeitos a menos trâmites burocráticos e, portanto, podem ser enviados e utilizados com maior rapidez.
Tudo isso é meritório. Porém, é bom ter claro que com essas medidas estamos simplesmente correndo atrás dos fatos, e não atacando suas causas, impedindo que eles se repitam.
Por isso, merece registro o alerta do governador Roberto Requião que em meio às ações emergenciais de seu governo para minorar o sofrimento da população atingida, chamou a atenção para os problemas ambientais que agravam os danos provocados pelas chuvas.
É importante também apontar que o drama vivido pelas cidades brasileiras nesse período de chuvas intensas só tende a aumentar e não necessariamente em função de maior precipitação pluviométrica, se não for feita uma profunda reforma urbana, que garanta moradia decente e um meio ambiente sadio para todos.

Chuva reduz produtividade do feijão,
mas safra deverá ser 13% superior
à de 2009

Em janeiro, a colheita do feijão aumentou,
chegando a 65% da área plantada, mas
com queda de 11% na produtividade,
devido à chuva


DAS AGÊNCIAS - Embora favoreçam o desenvolvimento da maioria das culturas da estação, as chuvas frequentes deste verão prejudicam a produtividade do feijão primeira safra e causam a incidência de ferrujem na soja. Em janeiro, a colheita do feijão aumentou, chegando a 65% da área plantada. Porém, as chuvas reduziram em 11% a produtividade da leguminosa, estima o Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura (Deral).

“Ainda assim, a safra de feijão deverá ser 13% maior que a do ano passado. O Estado deverá aumentar a produtividade média, superando a produção do ano passado”, lembra o secretário da agricultura e abastecimento, Valter Bianchini. O Deral previa uma produção de 537.424 toneladas no feijão primeira safra. Entretanto, após uma reavaliação de campo, estima agora que serão colhidas 476.626 toneladas da leguminosa. A chuva ainda não atrapalha a colheita das lavouras de soja e milho, que está em fase inicial, nem provoca prejuízos aos produtores. Por enquanto, apenas 1% da soja e 1,6% do milho foram colhidos. Nesta safra, os agricultores do Paraná plantaram 4,4 milhões de hectares de soja e deverão colher 13,4 milhões de toneladas do grão, em novo recorde de produção.

Milho

Já a área plantada de milho na segunda safra deve diminuir em 7%, passando de 1.514.734 hectares, em 2009, para 1.404.773 hectares, em 2010. “Aqui, novamente o motivo é o baixo preço. Contudo, se as condições climáticas forem favoráveis, a produção poderá ficar 35% acima da obtida em 2009, quando foi prejudica pela estiagem”, afirma Bianchini.

Segunda Safra

Os técnicos do Deral concluíram a primeira pesquisa de intenção de plantio para a segunda safa de feijão e de milho. O estudo apurou expectativa de redução em 22% na área plantada de feijão, que deve passar de 265.127 hectares, em 2009, para 1.404.773 hectares, em 2010.

Jaguariaíva empossa 87
aprovados em concurso

O evento aconteceu no Clube Recreativo
Municipal e foi prestigiado pelos secretários
municipais, pelo prefeito Otélio Renato Baroni
e por amigos e familiares dos aprovados

DA ASSESSORIA - Uma cerimônia de posse marcou o ingresso de 87 novos funcionários na prefeitura de Jaguariaíva, na manhã de segunda-feira, 25 de janeiro. O evento aconteceu no Clube Recreativo Municipal e foi prestigiado pelos secretários municipais, pelo prefeito Otélio Renato Baroni e por amigos e familiares dos aprovados.

Dentre os 87 empossados, a maioria está vinculada à secretaria de educação, cultura e esporte. Além da área educacional, foram contratados profissionais para a área de saúde e assistência social. Assumiram 14 professores, 55 educadores infantis, 12 cozinheiras/merendeiras, 3 auxiliares de serviços gerais, 1 enfermeira, 1 técnica em enfermagem e 1 fonoaudióloga.
A secretária de educação, Alcione Lemos, destacou a criação de cargos na área da educação. “Alguns dos cargos que vocês estão preenchendo hoje, como educador infantil, foram criados nessa administração, como forma de melhorar o atendimento e cuidar das nossas crianças”, comentou.
O secretário de administração e recursos humanos, Josias Zacharow Pedroso, relatou a organização e seriedade do concurso. “Cada um dos aprovados está assumindo por mérito próprio. Nós organizamos um concurso sério e agora estamos colhendo os frutos desse trabalho, que foi acompanhado o tempo todo pelo ministério público e pelos órgãos trabalhistas da região”, explicou.
Baroni pediu garra e trabalho aos novos contratados. “Nós precisamos trabalhar e acabar com a imagem de que funcionário público não trabalha. Vamos ajudar Jaguariaíva a crescer e melhorar a vida da nossa população”, salientou.
 
Trinta famílias desabrigadas;
Benetti busca recursos em Brasília
 
Prefeito aproveitará a viagem, a qual havia
sido marcada antes da tragédia de sábado,
para lutar por mais recursos na intenção de
atender às vítimas do último dia 30
 

DA REDAÇÃO - Após o período de chuvas que também atingiu o município pinhaloense, a população ainda está amedrontada e receia que novas precipitações avancem sobre a cidade. De acordo com Sidnei Bueno de Oliveira, chefe de gabinete do prefeito, o município inicia suas atividades para recuperar estradas, pontes e bueiros. “Foram muitas estradas destruídas e pontes arrastadas. É difícil de contabilizar os prejuízos, mas com certeza não foram poucos”, disse.
No município de Pinhalão, 28 famílias ficaram desabrigadas, as quais foram encaminhadas para a casa de parentes e também ao salão paroquial, onde têm recebido assistência da prefeitura. “Nós tivemos duas casas destruídas e 26 casas estão condenadas. As que estão condenadas serão demolidas, porém a prefeitura já está viabilizando novos terrenos para que sejam construídas novas moradias com recursos do governo estadual e federal, às famílias atingidas”, revelou.
A garagem municipal e o pátio de máquinas que também foram inundados pela água, tiveram seus veículos condenados. “Quatro de nossos veículos não poderão mais ser utilizados. Serão necessários R$ 250 mil para recuperação”, informou o chefe de gabinete.
Ontem, dia 02, o município de Pinhalão recebeu a visita do senador Flávio Arns, que prometeu buscar junto ao senado federal, recursos para ajudar na recuperação e atendimento ao que foi destruído.
O prefeito Claudinei Benetti, que já estava de viagem marcada para Brasília, aproveitará a oportunidade para pedir, junto ao ministério da defesa, mais recursos para atender a comunidade afetada.

Forncecimento de água deverá
voltar ao normal diz Sanepar

Bombas d'água foram prejudicadas
em Pinhalão, Tomazina, Siqueira Campos,
Wenceslau Braz, Ibaiti e Jaboti

DA ASSESSORIA - A Sanepar trabalha desde o sábado (30) para restabelecer o sistema de abastecimento de água que foi danificado pelas fortes chuvas na região. O problema mais crítico foi em Ibaiti, onde uma encosta cedeu levando árvores de grande porte e muita terra para dentro das instalações da captação de água, o que danificou conjuntos de motobombas e parte elétrica. Os sistemas de água de Pinhalão, Tomazina, Siqueira Campos, Wenceslau Braz e Jaboti também foram atingidos e a empresa de saneamento realizou obras emergenciais para o restabelecimento dos sistemas.
Em todas as cidades a estimativa é que cerca de 150 mil pessoas foram afetadas total ou parcialmente com o racionamento de água.  Devido os danos causados pelas tempestades, a  Sanepar em nota oficial solicita que o consumo da água reservada nas caixas d’água dos imóveis seja racionado, a fim de que o desabastecimento momentâneo não seja agravado.
No município de Wenceslau, o qual ficou sem abastecimento de água durante dois dias, a água voltou, porém ontem já foi racionada novamente para ajustes nas instalações.

72 pontes arrasadas em
São José da Boa Vista

Segundo o prefeito municipal, Dilceu Bona,
o governador do Estado irá ajudar no que
for possível para recuperar a cidade


DA REDAÇÃO - O município de São José da Boa Vista, que está entre os que foram prejudicados pelas fortes chuvas, passa momentos difíceis após a enchente. O prefeito Dilceu Bona conversou no último domingo com o governador do Estado do Paraná, Roberto Requião e disse que irá fazer um levantamento do prejuízo. “Ele viu o que aconteceu e vai nos ajudar dentro das condições do governo do Estado”, disse.
Segundo o chefe do executivo, 72 pontes foram arrastadas, devido às chuvas, que fizeram com que os rios, riachos e até mesmo pequenos córregos transbordassem. “A situação não é fácil, há quatro anos essa mesma cena aconteceu, mas temos fé que vamos superar essa fase difícil e sairemos vencedores”, afirmou esperançoso.
No dia da grande tragédia, cerca de três mil pessoas ficaram isoladas. Uma das pontes que liga o centro à zona rural e ao município de Santana do Itararé foi parcialmente destruída.
De acordo com uma das moradoras entrevistadas pelo Jornal do Paraná, a qual não quis revelar o nome, o desespero das famílias na hora em que a chuva aumentou foi o mais chocante. “Eu ouvia crianças chorando com medo e os pais sem saber muito que fazer. Muitas dessas famílias já tinham poucas coisas em casa, agora tudo o que tinham está perdido. É uma triste realidade que infelizmente temos que enfrentar. Não dá pra acreditar que isso está acontecendo com a gente”, desabafou.

Após maior tragédia da história,
Tomazina contabiliza os prejuízos

Três dias após a enchente que destruiu
inúmeras pontes e invadiu casas e comércio,
prefeito revela que já começaram os trabalhos
para recuperação da cidade



DA REDAÇÃO - Um pouco de tempo para perder tudo. Essa foi uma das frases mais citadas pelos moradores que viviam nas encostas dos rio das Cinzas, o qual avançou rapidamente para a cidade na manhã do último sábado, dia 30.

Segundo Neiva do Valle, uma das moradoras prejudicadas pela chuva, o que importa é estar viva. “Perdi todos os móveis que tinha dentro de casa, a enchente começou em torno de sete horas da manhã, consegui tirar meu carro, roupas, minha geladeira, um forno microondas e outro forno. Tudo foi perdido, mas o mais importante é que não perdemos a vida. Começaremos tudo de novo”, afirmou confiante.
O sargento William Gonçalves dos Santos, da PM de Tomazina informou que o trabalho da polícia tem continuado normalmente, apesar da unidade ter sido totalmente tomada pelas águas. “Temos posto a mão na massa e contado com a ajuda da equipe de Wenceslau Braz e também de Jacarezinho. O pessoal tem se comovido e ajudado o próximo e isso é muito importante durante esse período difícil que muitas famílias estão vivendo”, disse. O prefeito Guilherme Cury Saliba Costa revelou ao Jornal do Paraná que uma das grandes preocupações no momento são também as propriedades rurais, as quais tiveram suas pontes perdidas e foram muito prejudicadas. “Infelizmente devido às chuvas que ocorreram no sábado estamos vivendo a maior tragédia da história de Tomazina. No Jardim Santo Antonio, mais de 50% das casas foram tomadas pela água e também a avenida da prainha e vários pontos comerciais. Uma grande preocupação é também a zona rural que deve ter sido muito prejudicada. A estimativa é de que aproximadamente trinta pontes tenham sido destruídas com as chuvas”, comentou o prefeito, afirmando que a ponte principal também deverá passar por vistorias pois pode ter sofrido algum dano.
“Vamos ter que reconstruir Tomazina. Graças a Deus podemos contar com várias ajudas políticas e também de moradores dispostos e de coração aberto”, disse o prefeito que embarcou para Brasília nesta segunda.
O governador Roberto Requião, que esteve na manhã de domingo em Tomazina, demonstrou também sua surpresa com tamanha destruição. “Tomazina foi uma das cidades mais atingidas, nunca houve uma enchente como essa na história do município. Em primeiro lugar já estamos fabricando pontes para auxiliar no transporte, vamos ajudar na questão das casas que foram atingidas e também estamos recomendando ao prefeito que dê uma olhada no plano diretor da cidade”, disse Requião.

Sobe para cinco o número de mortos no pior fim de semana de Sengés

As vítimas fatais estavam em casas que foram arrastadas pelo temporal em Sengés. Entre elas está uma criança de três anos


DA REDAÇÃO - A Defesa Civil informou que mais um corpo foi encontrado pela manhã desta segunda, dia 01, na cidade de Sengés, elevando para cinco o número de vítimas fatais da chuva na cidade. Entre as vítimas está uma criança de três anos. Sengés ficou isolada após o temporal na madrugada de sábado, que provocou alagamentos e mortes. Segundo a Defesa Civil, o corpo encontrado ontem manhã era de José Cícero da Silva, desaparecido desde o sábado. As vítimas fatais estavam em casas que foram arrastadas pelo temporal em Sengés. Na tarde de domingo foi encontrado o corpo de uma mulher. Sengés permanece ilhada e sem telefone. Mais de 50 homens da Defesa Civil trabalham no município. Dois helicópteros estão sendo usados.
Segundo o Instituto Meteorológico do Paraná (Simepar), na região de Sengés choveu, em 36 horas, mais da metade da média da precipitação de janeiro, de 471 milímetros. Entre sexta-feira e sábado foram registrados 215 milímetros.
Duzentas pessoas estão desalojadas em Sengés e, em uma rua, quase todas as casas foram inundadas. “O trabalho é complicado. Como o rio saiu da caixa e trouxe entulho, estamos fazendo trabalho nas margens do rio. As guarnições têm dificuldades para chegar ao local”, explicou o comandante da operação, major Samuel Prestes.